From: Ultraje
Published: March 16, 2018
Quando a história é tão emotiva quanto a própria música, então está tudo bem encaminhado. Do Canadá, os Altars of Grief apresentam em “Iris” uma ficção que pode ser a realidade de muitas famílias. Iris está afundada em vícios e doença, e nem o próprio pai consegue chegar perto da sua filha. Quando este percebe que nada mais há a fazer, entra no carro e vai embora, despistando-se mortalmente. O resto da história fala-nos de um pai morto que enfrenta o purgatório de ver Iris sucumbir aos vícios e à doença sem a sua companhia.
Para tal horror nada melhor do que utilizar doom metal melódico pesaroso esquartejado por secções mais violentas através de growls e blastbeats, originando uma mescla de black e death metal. Ainda que algumas dissonâncias mais para o final do disco não sejam lá muito bem conseguidas, “Iris” é um portento de melodia, melancolia e desespero que representa o último grito antes de uma tragédia desoladora. É também rico em dinâmicas e camadas sonoras criadas pelas guitarras melodiosas e por arranjos sonoros de fundo que oferecem uma atmosfera envolvente e gelada ao mesmo tempo. Indicado para fãs de My Dying Bride (como é exemplo a faixa “Voices of Winter”), a nota de imprensa refere também Woods Of Ypres (2002-2011) como influência e se as semelhanças são evidentes durante o início do disco, muito devido à abordagem vocal limpa, então na quarta “Child Of Light” sentimos um arrepio pela espinha abaixo como se David Gold (1980-2011) tivesse ressuscitado e incarnado em Damian Smith.
Com este segundo álbum, os Altars of Grief coroam-se a si próprios, sem ponta de arrogância, como os senhores do doom canadiano. “Iris” é tão bom assim.
Rating: 8/10
Reviewed by: Diogo Ferreira